não sei como tenho conseguido aguentar tanto tempo disfarçada, não sei como nunca antes me tinha passado pela cabeça expandir os meu horizontes, chegar ao fim do mundo, e ao tocar o céu sentir uma leve brisa com cheiro a maresia, sentir a areia a escapar por entre os dedos sem fazer com que nada mude isso, sentir o coração a palpitar cada vez mais rápido, porque cada vez mais se aproxima o dia em que nos voltaremos a reencontrar, sentir o cabelo ao vento, e correr lentamente como um cavalo no prado, sentir-me em qualquer parte do mundo como se estivesse em casa, sentir seja com quem for que estou a ser eu mesma, sentir que não vou voltar a mascarar-me, sentir que daqui em diante vou ser eu mesma, sem pinturas, sem nada. nascer de novo, e ser verdadeiramente eu, o eu que até agora eu tenho renunciado, e tenho escondido por míseras coisas, ser eu sem medo de tudo, deitar cá para fora, o eu que poucos conhecem, mas que todos deviam conhecer.
rasgar todas as aparências, tocar nos meus pensamentos, deixar que todos vejam a minha alma, porque sei que quem gosta mesmo de mim tem sofrido, tem-se revoltado lá por dentro e não me têm chamado à atenção para não me ferirem.
quero voltar a chorar ao abraçar, quero voltar a estar lá quando precisarem, quero rir de tudo e de todos, e sentir que estou de novo em mim.
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